terça-feira, 3 de setembro de 2019

Eu, Meus Livros e a Bienal

Visitar a Bienal do Livro não é um passeio barato. Há de se computar o custo do transporte (o Riocentro é longe, na ponta oeste da cidade e, quem vai de carro, ainda tem que desembolsar 28 reais de estacionamento), do ingresso, do lanchinho e... dos livros. Colocando na ponta do lápis, pode até não valer a pena se o seu objetivo é simplesmente adquirir os últimos lançamentos, pois eles não têm preços tão convidativos nos estandes das editoras. No sábado à tarde, no entanto, deparei-me com uma multidão circulando pelos pavilhões da feira, um público bem eclético e identificado com a proposta da Bienal de oferecer uma experiência leitora mais ampla: tietar os autores preferidos, colecionar autógrafos, participar de palestras e mesas de discussão com temas variados, brincar e ouvir histórias. E ainda aproveitar cada uma destas experiências para fotografar, filmar e postar nas redes sociais. Para isso, as editoras se esmeraram na criação de painéis e cenários baseados em personagens e tramas das histórias mais famosas, além de instalações construídas a partir dos livros como objeto. Em volta dos estandes, filas e mais filas de espera para o momento do click perfeito. Se tivesse tido paciência de aguardar a vez do meu selfie, teria escolhido o rodamoinho de livros da editora Intrínseca ou o DNA da Literatura da Harper Colins; além de bonitos, ambos apelam para a presença arrebatadora e universal da leitura, independentemente de autores, gêneros e língua. 

O ponto alto da minha própria experiência no evento foi ter assistido à mesa Pequenos Grandes Contos, do Café Literário, que discutiu as características do Conto e suas limitações no mercado editorial brasileiro. Dos palestrantes, só havia ouvido falar de Sérgio Rodrigues, que lançou recentemente A Visita de João Gilberto aos Novos Baianos, pela Companhia das Letras. Gustavo Pacheco e Marcelo Moutinho conheci ali mesmo na hora da conversa. O papo entre os três e o mediador Mateus Baldi interessou à plateia, divertiu, apontou as agruras e delícias de ser contista e, claro, divulgou os lançamentos dos autores. Uma hora e meia de conversa inteligente que passou num vapt-vupt. 
Sergio Rodrigues, Mateus Baldi (ao microfone), Gustavo Pacheco e Marcelo Moutinho
A Bienal é uma festa, colabora para cooptar novos leitores e, em consequência, conseguir vendas mais robustas. Neste momento de agonia da cidade, serve para chacoalhar a economia, oferecendo muitos empregos nas diferentes atividades da feira. Tem muita gente trabalhando na recepção ao público, nos estandes das editoras, nas áreas de alimentação. E foi bom ver que também tem muita gente disposta a gastar seu dinheiro por lá. Fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que circulavam com maletas ou grandes sacolas para acondicionar as compras, o que me fez pensar que saíram de casa já com a intenção de adquirir muitos livros. Eu, que pena, por falta de tempo e de espaço livre para transitar, não consegui garimpar as pilhas de ofertas de exemplares a 10 ou 15 reais. Também não tive muita sorte com os preços dos livros da minha listinha de desejos e acabei voltando pra casa com somente 3, que couberam facilmente na bolsa de lona que havia levado. Mas deixa estar, daqui a 2 anos, vou pedir ao Mário pra organizar a nossa ida à Bienal. Além do melhor parceiro que eu poderia desejar, fez a pergunta mais óbvia daquele sábado à tarde: “se nós somos aposentados, por que não deixamos pra vir ao Riocentro durante a semana?” Por que, hem?

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3 comentários:

Unknown disse...

Seu artigo é uma homenagem a Bienal. Deste ano não fui, mas é um prazer ver uma festa do livro. Parabéns

Ana Beatriz disse...

Ainda dá tempo de ir, Unknown. A Bienal segue até domingo dia 8. Obrigada pela leitura.

Simone disse...

Não fui à Bienal dessa vez, mas irei na próxima, com certeza. Como agora sou aposentada também, seguirei sua dica!