domingo, 29 de maio de 2016

A Convenção de Genebra

Caminhando na Lagoa, especialmente em domingos ensolarados, costumo recordar a Convenção de Genebra. Foi o Mario que me apresentou as novas deliberações da alta cúpula europeia. Evoca-se a convenção para criar e legitimar formas de convivência, ou para endossar as já existentes que carecem de reforço. Tudo de acordo com as conveniências do momento. Define-se desde quem deve acionar o controle do portão da garagem (se o motorista ou o carona), até o responsável por retornar uma ligação telefônica que tenha sido subitamente interrompida.

Para mim, no entanto, a orientação fundamental do documento é a que trata dos deslocamentos a pé em locais de muito movimento. Diz o Artigo 1º., do Capítulo 1º. dos Princípios Fundamentais:  - Pedestre, use sempre a faixa da direita. A recomendação virou “meme” familiar, repetida tantas vezes e em contextos diversos. Por fim, o artigo se sobrepôs aos outros e tornou-se sinônimo da própria Convenção.

Nas escadas rolantes das estações de Metro, em Paris, nos avisamos: Convenção de Genebra! (Os parisienses apressados são profundos conhecedores da convenção e não hesitam em atropelar os desavisados.)

Nas calçadas, em Amsterdam, alertamos: Convenção de Genebra! (Lá, os ciclistas têm plena convicção de que os passantes vão cumprir a cláusula pétrea. Turistas distraídos com as atrações da cidade correm sério risco de vida!)

Na ciclovia da Lagoa, quase não dá tempo pra declarar: Convenção de Gen.... Ai, meu Deus! (Suspiro aliviado)
A capacidade de criar e compartilhar expressões não é privilégio nosso, é parte da química que se dá entre membros de diversas famílias. Independe de laços sanguíneos, de gênero ou idade. É resultado de convivência, troca, afeto e empatia. Poderia valer até como parâmetro para a definição de Família no polêmico Estatuto...

Sobre essa liga que a língua criativa promove entre as pessoas, lembrei-me de um livro da Zélia Gattai que ganhei há tempos. Em Códigos de Família, a matriarca nos apresenta a gênese e os significados dos ditos que fazem parte do repertório do clã Amado. Os causos bem humorados, as expressões em sotaques e idiomas variados, compõem a versão da família baiana para a Convenção de Genebra.  

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Já de saída a viagem entortou!

Era para ser uma road trip por três estados, a bordo de um carro novo, esportivo e turbinado. Um ensaio para futuros percursos com quilometragem bem mais graúda, quem sabe entre Rio e Montevidéu.

Acabou transformando-se em rápidos trechos de avião, somados a trajetos em carro alugado - com distâncias de no máximo 140km. Vivemos todo o glamour que a classe econômica da TAM pode oferecer, sem falar na potência de um Sandero dos básicos!

Em resumo, a entortada arruinou os planos de liberdade e juventude do casal de meia-idade aposentado! Mas se tem uma (pelo menos uma) vantagem que maturidade traz é (tentar) ver o lado positivo da vida. Minha porção Pollyana se impôs e concluí: - Ainda bem que o carro pifou antes da viagem. Imagina parar no meio da BR-040 e ter que esperar por 15 dias a chegada da bendita peça! (Esse foi efetivamente o tempo que nosso Peugeot ficou em compasso de espera na concessionária).


O que justifica essa postagem, no entanto, além de usar a escrita pra rir um pouquinho de mim mesma, não é a valorização do otimismo como recurso pra encarar as frustrações. Mas, sim, contar que Belo Horizonte, Serra do Cipó e Brumadinho desentortaram nossas tristezas. Arte, natureza, ótima hospitalidade e gastronomia mineiras recuperaram nosso desejo por viajar por aí.

Para saber mais sobre a viagem, leia também: Ver e viver Inhotim

Igreja São Francisco de Assis - Pampulha - Belo Horizonte
Cachoeira Grande - Serra do Cipó
Estalagem do Mirante - Serra da Moeda
Inhotim - Brumadinho