terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Great Smoky Mountains

Pra quem conhece Yosemite Park (na California), The Great Smoky Mountains não são lá uma Brastemp. Os bosques e trilhas do parque nacional (na divisa entre Tenessee e Carolina do Norte) são bonitos, mas falta a exuberância das águas e árvores, além do relevo pedregoso que confere imponência a outros santuários americanos. O adjetivo “smoky” vem da constante bruma nas áreas mais altas, compondo um ecossistema antigo, com espécies raras da flora e da fauna. Tudo bem que a presença da neblina dê um toque misterioso às montanhas, mas achei providencial que ela só tenha aparecido para nós por poucas horas da manhã, favorecendo bastante a visibilidade nos principais pontos turísticos.
Apesar de, em um dia de passeio, não termos exclamado muitos Ohs! e Uaus!, testemunhamos a boa organização do lugar. Há centros de visitantes com funcionários solícitos em diferentes áreas; não faltam jornais, mapas e guias informativos; guardas florestais cuidam dos locais mais movimentados, instruindo as pessoas e zelando pela segurança do ambiente. Quando estávamos subindo a trilha para Clingmans Dome, o ponto mais alto nos “Smokies”, ouvimos um zumbido forte e constante. Pensei serem as abelhas que voavam por ali, mas logo alguém reconheceu o som: “é um drone!” A palavra, e o zumbido, despertaram os mais primitivos instintos de proteção no guarda que conversava a nossa frente. Com sangue nos olhos, subiu a trilha aos pulos, em direção ao infame invasor. Sem conseguir acompanhá-lo na subida, imaginei que, chegando ao topo, encontraria o dono do drone algemado e imobilizado, o equipamento aos pedaços a seus pés. Os poucos minutos de corrida ladeira acima devem ter trazido o policial à razão, pois, ao invés da cena imaginada, encontrei-o recomposto, explicando pacientemente a um rapaz os malefícios do veículo voador para a fauna local. Meio a contragosto, o jovem recolheu seu brinquedinho e a paz voltou a reinar entre os animais, e entre os guardas florestais.


O principal habitante do parque, no entanto, é bem mais difícil de encontrar do que as abelhas. Embora 1.500 ursos negros vivam na reserva ecológica (segundo o Smokies Guide), só conseguimos ver um deles de relance, bem de relance mesmo, na área eleita por nós como a mais bonita: Cades Cove. O vale ensolarado e tranquilo tocou fundo o coração de Ana Paula, fascinada com os tons do céu em composição com o verde da pradaria. Enquanto escolhia os ângulos para fotografar cada detalhe, não se cansava de dizer o quanto estava feliz. Talvez em outras vidas tenha estado por lá, talvez relembrasse as cores e sons de um campo ancestral, ou antevisse um tempo futuro... O fato é que a estradinha em loop de Cades Cove, com veados e ursos, além de casas e igrejas rústicas dos primeiros moradores dos Apalaches, fechou com emoção e simplicidade nosso único dia na região.
Consultando o material de divulgação, encontramos muitas atividades bacanas para quem fica uma estadia mais longa: pesca, camping, passeios a cavalo e de bicicleta, observação de animais, passeio à aldeia Cherokee, além de cursos com especialistas de Ciências, História e Artes. Esta variedade de possibilidades deve ser um dos motivos que tornam The Great Smoky Mountains o parque mais visitado do país. Mas eu aposto que a proximidade a duas cidades pitorescas contribui bastante para atrair a enxurrada de interessados. Numa das principais entradas da reserva está Gatlinburg, um conglomerado de hotéis, restaurantes de grandes redes, cervejarias, parques de diversão, pistas de Kart, teleférico e milhares de lojinhas de souvenir. À noite, a rua principal (e quase única da pequena localidade) ferve com as famílias divertindo-se aqui e ali. 
Esgotadas as possibilidades em Gatlinburg, basta dirigir por uns 20 minutos e encontrar a cidade mais desvairada que já conheci - Pigeon Forge, uma mistura de Disneylândia com Las Vegas, às margens de uma longa avenida. Os estabelecimentos, letreiros luminosos piscando para capturar a atenção dos passantes, fazem referência ao cinema de Hollywood (King Kong, Titanic) e aos mitos americanos como Elvis, Marilyn e John Wayne. E ainda oferecerem experiências temáticas com os caipiras da família Buscapé ou numa casa-brinquedo simulando a ação de um tornado. As excentricidades de Pigeon Forge estão longe do nosso gosto turístico, mas não deixamos de parar o carro para fotografar, e rir muito, a cada surpresa no caminho. Mais fotos da aventura podem ser acessadas no link no final da postagem. Vale a diversão!

Para ver outras imagens, clique aqui: Galeria de Fotos - Great Smoky Mountains
Para saber mais sobre a viagem, leia também: Entre Luz e SombraChattanooga Choo-Choo; Alegria e Música em Nashville e Enfim, o Eclipse.