terça-feira, 26 de setembro de 2017

Entre Luz e Sombra

No início do ano, eu e Mario nos convencemos que não dava pra perder a oportunidade. Em território brasileiro, a chance só viria em 2045, quando eu, com muita, muita sorte, estaria completando 85 anos! Se não fosse em 2017, talvez não tivéssemos mais disposição, ou saúde, ou os dólares necessários, para sair pelo mundo caçando a combinação perfeita entre luz e sombra. Ainda havia tempo para planejar a viagem e estar, no dia 21 de agosto, no local e hora exatos para apreciar um fenômeno pouco comum: olhar para o céu e ver a lua eclipsar totalmente a luz do sol – um deleite para quem se interessa por astronomia e fotografia, como o Mário, que, por tabela, me ensinou a gostar também. Foi, portanto, a sombra da lua em seu trânsito pela Terra que orientou nossas escolhas e resultou nesse roteiro original para brasileiros visitando os Estados Unidos.
Coube ao Mario selecionar, dentre os melhores locais de observação (eclipse total com mais tempo de duração), aqueles que também tivessem algum potencial turístico. Ele mergulhou na infinidade de conteúdo produzido sobre o eclipse – publicações de institutos científicos, guias astronômicos, dicas fotográficas, divulgação de eventos, diários de viajantes – e, por fim, ficou decidido que nossa base astronômica seria Nashville – um eclipse em ritmo de musica country. A escolha se mostrou perfeita logo que descobrimos que as férias da faculdade de Ana Paula - fã incondicional da cultura sertaneja “all over the world”- coincidiriam com a viagem e que a família estaria completa na aventura.

A segunda fase do planejamento ficou sob a minha responsabilidade. As duas semanas de agosto precisavam ser recheadas com outras atrações. Recorri, como sempre, ao site Viaje na Viagem e encontrei um relato do Fernando Mihalik que ajudou na definição do roteiro pelos estados de Tennessee, Carolina do Sul e Geórgia. Pra minimizar os riscos, descartamos a Flórida por causa da temporada de furacões na região. No dia 21, o céu até poderia ficar nublado, o que atrapalharia a visão do eclipse, mas nada nos impediria de estar a postos no local e hora definidos! (Agora sabemos que a decisão se mostrou totalmente acertada já que uma sequência de furacões vem afetando o Golfo do México desde o final de agosto.) 


O mapa registra as cidades visitadas de carro pelos três estados, tendo Atlanta como ponto inicial e final do percurso. O imenso Dodge Durango, alugado na Alamo, e que acomodava sem aperto as nossas malas, nem pareceu tão grande em meio aos parrudos veículos americanos: picapes turbinadas, muitas vezes com trailers acoplados, utilitários esportivos, motorhomes e incríveis caminhões. No total, rodamos 2.800Km e, sorte a minha, não precisei dirigir nem 100 metros. Essa é uma tarefa para os “fortes”, seres que se dispõem a desbravar, cheios de coragem, automóveis recém-conhecidos, incertos caminhos e diferentes práticas de trânsito.


Apesar de adorar a liberdade que as viagens de carro proporcionam, fujo do assento do motorista e me sinto bem mais confortável como copiloto, mesmo que, às vezes, tenha um pouquinho de dificuldade na leitura do navegador.
- Vamos virar à direita – informo ao motorista da vez.
- Já nesta rua? Ou na próxima?
- Deixa eu ver... (pausa) Entra agora, agora, nesta rua!
Guinada brusca à direita.
- Ops! Acho que me enganei... Era pra entrar na próxima. Agora tá recalculando...

Felizmente, meus companheiros de viagem me levaram por cada milha americana com carinho e em total segurança. Voltei sã e salva, e com disposição para contar, aqui no Blog, os momentos luminosos, sombreados, coloridos, musicais, e de muito aprendizado, que experimentamos nestes 14 dias de agosto. 
O problema é que tem me faltado um pouco de disciplina para escrever. Tudo me distrai, dos eventos felizes aos mais preocupantes acontecimentos. As ideias vão ficando de lado e demoram a virar textos para serem compartilhados. 



Mas, daqui pra frente (juro, dedos em cruz, beijo, beijo), vou me empenhar pra agilizar a atualização do Blog e não deixar os próximos relatos de viagem se transformarem em material pra pesquisa histórica.
Torçam por mim, por favor!









Para saber mais sobre a viagem, leia também: Chattanooga Choo-Choo; Alegria e Música em Nashville ; Enfim, o Eclipse e Great Smoky Mountains