domingo, 5 de fevereiro de 2017

A Medida do Inesperado

Quarto dia do mês.                                                      
                Até o Carnaval, eu boto a vida em ordem.
Treze horas e vinte minutos.                                   
                Intervalo pro almoço, finalmente!
Um buraco na calçada.                               
                40 centímetros de frente e 20 de profundidade. 
Dois segundos de distração.                                    
                2 míseros segundos e tudo muda. Rebobina a fita, por favor!
Um tornozelo torcido.                                                
                Virou uma bola de pingue-pongue. Tô ficando tonta...
Dois joelhos doloridos, uma das mãos ferida.            
                Podia ter sido só isso.
Duas mulheres solidárias.                                         
                Deu vontade de chorar. Não pela dor, por gratidão.
Um copo de água e uma bolsa de gelo.               
                Remédios pra tudo. Quase tudo...
Doze reais para o táxi.                                                
                Menos 1 hora de curso.
Duas horas na emergência.                                      
                Menos 3 horas de curso. Menos 200 reais no bolso.
Três radiografias, um laudo.                                     
                Quero ir pra casa!
Quinze dias com bota ortopédica. 
                Até a Páscoa, eu boto a vida em ordem...

3 comentários:

angela disse...

Oh, Ana, que buraco grande, e que tropeço na vida! Fique boa logo, aproveite mesmo para ter carinhos, atenções, e escreva mais. Nós é que ganhamos com seu texto! Beijo!

Ana Beatriz disse...

Obrigada pelo incentivo,Angela. Beijo.

Nanu disse...

Também isso passa. Se deixa algo, que seja instrutivo.

Dia 29 de novembro caí da moto a 45 km/h. Tombo muito besta. Fui coçar nariz, errei na mão, apertei demais no freio dianteiro, escorreguei, caí. Toda a sequência não levou mais que quatro segundos. Ao tentar levantar, a pisada fez os ossos do pé direito entrarem entre tíbia e fíbula, que partidas, abiram a pinça na altura do tornozelo. Cabeça do rádio do cotovelo esquerdo também espatifado - de novo, como do primeiro tombo de moto. Três meses com parafusos, cadeiras de rodas e muletas. Moto vendida, 34 anos de 'carreira' motociclística encerrada. Cosas de la vida. Também isso passa.

Que já esteja tudo bem e sem botas ortopédicas, Ana Beatriz!