segunda-feira, 15 de abril de 2019

Enfim, o Atacama

Visitar o deserto do Atacama era um desejo antigo, muitas vezes adiado por medo. Sim, medo. Além dos medos normais que me pegam pelo pé antes de qualquer viagem – medo do incerto, do incontrolável, do que pode dar errado – o de mais impacto, neste caso, era o medo da altitude. 
Não é um sentimento muito antigo, começou em 2015, no Peru, quando conhecemos o soroche. O mal de altitude mostrou-se por completo, sem nos poupar de qualquer sintoma: no Mário, dor de cabeça e cansaço; em mim, batimentos cardíacos totalmente descontrolados. Meu coração que, ao nível do mar, costuma pulsar em ritmo de Bossa Nova, em Cusco resolveu seguir os compassos de Samba Enredo. Foram necessários quatro anos, muita conversa com outros viajantes e a opinião do cardiologista da família para que superássemos o medo das alturas. Regressamos de San Pedro de Atacama na semana passada com a coragem revigorada na mala. Medo? Que medo?
Decisão tomada, a viagem foi planejada cuidadosamente a partir de duas premissas: evitar o período de chuvas (sim, pode chover num dos desertos mais secos e áridos do mundo durante o inverno altiplânico, que vai de dezembro a março); e aproveitar os dias de lua nova para que nenhuma luz pudesse ofuscar a observação do céu. Plano traçado, passagens compradas, desembarcamos, cheios de expectativas, em San Pedro no dia 03 de abril, uma quarta feira à tardinha. 
Duas horas depois da nossa chegada, sabe o que aconteceu? Choveu! Choveu forte! Choveu a ponto de enlamear as ruas do povoado. O tempo fechado provocou a primeira baixa: o tour astronômico foi cancelado. Após o jantar, voltamos ao hotel driblando as poças, tentando espantar a decepção e lamentando a falta de sorte. Durante a noite, os deuses atacamenhos devem ter se compadecido de nós e decidido afastar cada uma das nuvens carregadas. O restante da semana se passou com sol e céu azul. A chuva, a última da temporada, transformou-se em neve nos picos da Cordilheira. Chuva branca e linda de se ver. Muita sorte a nossa!
Laguna Miscanti
Vista da Cordilheira a partir de Pukará de Quitor
Vicunhas pastando no caminho para as Lagunas Altiplânicas

2 comentários:

amazingsword disse...

Um espetáculo de paisagem!!!

Unknown disse...

Ainda bem que venceram os medos. Acho fantástica essa viagem. E as fotos estão lindas.