quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Alegria e Música em Nashville

Nashville estava em festa naqueles dias que antecederam o eclipse. O forte calor do mês de agosto impulsionava a multidão para as ruas. No centro da cidade, quarteirões em torno da Broadway fervilhavam de moradores e forasteiros. Em meio aos espigões plantados próximos ao rio Cumberland, prédios baixos, com seus tijolinhos aparentes, enfeitavam o ir e vir humano. Letreiros luminosos nas fachadas e terraços decorados complementavam o clima de alegria e liberdade. 

A presença ostensiva de policiais e as grades protetoras nas calçadas destoavam um pouco do astral relaxado. Os guardas talvez pensassem em tiroteios ou atentados – o que agora, depois dos episódios de Las Vegas e Nova York, parece bem pertinente - mas toda aquela gente estava decidida a se divertir em segurança. Famílias em seus últimos dias de férias escolares circulavam por lojas, restaurantes e sorveterias, desfilando os pares de botas e os chapéus recém-comprados. Jovens acotovelavam-se nas portas dos bares aguardando o próximo show ao vivo. Turistas embarcavam para um passeio nos mais variados veículos: carruagens e charretes, ônibus temáticos, além de inusitados bares ambulantes impulsionados pelas pedaladas dos consumidores, enquanto, é claro, estes estivessem sóbrios para dar conta do esforço.
Em meio ao alvoroço, grupos de moças uniformizadas chamavam a atenção. Inúmeras noivas e suas amigas comemoravam despedidas de solteira, e andavam de bar em bar, entre animadas e eufóricas. Pela quantidade de turmas diferentes, pelas risadas e cochichos, logo imaginamos uma Convenção Estadual de Noivas Nervosas acontecendo em Nashville naqueles dias. ;)
Para completar a agitação do centro turístico, as ruas ficaram coalhadas de camisas azuis e brancas, as cores do Tennessee Titans, time de futebol americano que acabara de vencer, em casa, uma partida preparatória para a temporada.

O eclipse, as férias escolares, o amor e o futebol tiveram lá o seu quinhão de importância no fervilhar da cidade naqueles dias. Mas estávamos em Nashville, the Music City!! A força da música, principalmente da country music, se faz presente em cada canto, atraindo artistas (os famosos e os em busca da fama) e o grande público. Visitamos o emblemático Ryman Auditorium, um teatro que nasceu como igreja em 1892 e ainda mantém a arquitetura e os bancos corridos típicos de um templo religioso. Nas primeiras décadas do século XX, já unicamente como casa de shows, o Ryman foi gerenciado por uma mulher (Viva!), uma das raras empresárias da época. A fama do teatro, nacionalmente conhecido como “Mother Church of Contry Music”, é atribuída ao trabalho competente e visionário de Mrs Naff. Tudo isso é contado num vídeo super bem feito que, por ter imagens projetadas nas 4 paredes da sala de apresentação, acaba fazendo com que os espectadores se sintam parte dos fatos narrados.
Por fim, enfrentamos uma fila quilométrica pra conhecer o Country Music Hall of Fame, um museu sobre a história dos diferentes gêneros da música country. As bem montadas exposições reúnem arquivos sonoros, fotografias e vídeos, painéis e objetos de gerações de intérpretes e compositores, de Willie Nelson, Dolly Parton e Johnny Cash a Carrie Underwood e Blake Shelton. A última sala do tour é o Hall da Fama propriamente dito, adornado com as placas dos artistas que receberam a honraria pelo sucesso de vendas dos seus discos.

Todos estes momentos em Nashville alegraram a nossa viagem, mas, para mim, o ponto alto foi o show The Grand Ole Opry, um programa de rádio que é transmitido desde 1925 e reúne, em cada apresentação, vários artistas do sertanejo americano. O show tem um locutor, um senhor elegante, com voz empostada (e muito engraçada), que lê os anúncios dos patrocinadores. Alguns dos intérpretes da noite se revezam na recepção aos colegas e na condução do programa, oferecendo à plateia um repertório bem diversificado - ótimo para quem não é expert no gênero, como era o nosso caso. Nós ouvimos canções românticas, números instrumentais e até um conjunto bem tradicional (Riders In The Sky), com velhinhos vestindo ternos bordados e cantando músicas em homenagem aos seus cavalos. Eles foram um espetáculo à parte, reforçando o tom folclórico e o humor, capturando a atenção do teatro lotado. 
Um dos convidados, no entanto, passou a fazer parte da minha playlist. Vira e mexe abro o YouTube pra ouvir Flatt Lonesome, uma banda de irmãos que capricha nos vocais e na performance dos instrumentos. Quer ouvir?  É só clicar no link lá embaixo Na Rede, e sair cantando - You’re the one, you’re the one...




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Para saber mais sobre a viagem, leia também: Entre Luz e Sombra; Chattanooga Choo-ChooEnfim, o Eclipse e Great Smoky Mountains
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Na Rede:

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