passam aos pulos - pulos de perneta.
E caem, em cacos, confusos
Fevereiro ferve em frevo,
em mim é frio, fraqueza.
Março e maio me amolam:
martírio, mistério, quaresma,
amor materno, amarelo.
Abril adoro,
te amasso, me amanso.
Agosto dá gosto - amargo,
de adeus -, não gosto.
Junho e julho eu sempre junto:
canjica, quentão, pamonha.
Janeiro tento jejum,
é o jeito!
Setembro, se me lembro,
segue-se de novembro.
Noite a noite, em novena
rezo o terço, desolada.
E logo me chega dezembro.
Desanimo. Terminou?
Ainda me resta outubro,
outono, em ouro se espalhando.
Ouço um murmúrio nas folhas...
Que ousado!
É um ouriço enrolado,
confundindo o calendário.
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- O desafio de escrita do módulo Poesia e Prosa Poética, coordenado por Rafael Figueiredo, foi construir um poema usando uma das figuras de linguagem: aliteração (repetição de sons consonantais) ou assonância (repetição de sons vocálicos). Acabei juntando os dois recursos num só poema. Foi desafiante, e divertido, garimpar as palavras, montar as composições sonoras. A ilustração, gerada pela IA do Canva e editada por mim, segue a mesma atmosfera bem-humorada com que busquei traduzir a proposta.